8.31.2010

It's not the same.



Eu vi, vi tudo. Vi o Céu tingir-se de rosa no crepúsculo eminente da tarde, para acabar com o dia e dar espaço à noite de luar que se seguia. Vi, vi a Lua atingir o seu auge na noite escura, onde apenas as esrelas, e ela própria tinham espaço no céu, para se deixarem estar lá para todos venerarem a sua beleza brilhante.
Vi a tua beleza debaixo da luz do luar, tornou-te uma pessoa pálida, olhei bem dentro dos teus olhos e vi o reflexo da lua no teu olhar, a tua beleza exótica tornou-se a misteriosa e talvez ainda mais interessante.
De certo modo acho-te fascinante. És aquele ser que faz sofrer as pessoas mas sofre com isso, mesmo sabendo como te faz sentir continuas. Parece que tens alguma coisa a provar a ti próprio, ou talvez sejas apenas masoquista e que te sintas bem a magoar-te a ti e aos outros. Para te compreender é preciso estudar uma ciência complicada que parece ter sido criada apenas para ti. Dispensei dias e dias, semanas e semanas, meses e meses, a tentar compreender essa tua ciência. Sabia que nunca iria conseguir compreender-te mas era isso que me cativava em ti. Eras tão reservado, tão preocupado e cauteloso, e essa tua ciência tinha as mais difíceis equações, mas ficava fascinada com tamanha dificuldade e tentava sempre fazer mais algumas coisas.
Mas depois essa tua ciência foi-se desvanecendo, perdeste todo o teu encanto, olhava para ti mas já não via nada de fascinante no teu sorriso que se revelou apenas vulgar. Olhava para ti e para outra pessoa qualquer e via as mesmas semelhanças, era sempre tudo igual.
O teu sorriso deixou de brilhar, os teus olhos parece que ficaram baços, sem qualquer sinal de um pequeno reflexo do luar imponente da noite.
Deixei de ver o céu tingir-se de rosa no crepúsculo eminente da tarde, para acabar com o dia e dar espaço à noite de luar que se seguia. Vi, vi a Lua atingir o seu auge na noite escura, onde apenas as esrelas, e ela própria tinham espaço no céu, para se deixarem estar lá para todos venerarem a sua beleza brilhante. Deixei de ver a tua beleza debaixo da luz do luar, agora tornava-te uma pessoa pálida, e olhava bem dentro dos teus olhos e já não me encontrava a mim, como tantas vezes me encontrei, já nem te encontrava a ti, o rapaz fascinante pelo qual me apaixonei e pensava que era para sempre. Deixei de ver o reflexo da lua no teu olhar, a tua beleza exótica tornou-se a misteriosa e talvez ainda mais interessante.
De todo o modo, passaste de fascinante, a apenas vulgar e desinterassante.
Tenho dentro de mim algo que quero mas não consigo deitar cá para fora.

8.30.2010

Abismo.


Dou por mim trancada no quarto, fechada entre quatro paredes, tudo fechado, nem um pequeno rasgo de sol atravessa as duras paredes brancas, estoros fechados, luz artificial, e apenas reina o silêncio e a solidão.

Nada entra nada sai, apenas se ouve o som do lápis de carvão a roçar na folha de papel branca.
A dança repetitiva que faço com a mão apenas resume todos os sentimentos, indecisões, falhanços, vitórias, e tudo a um simples abismo sem fundo. Não se vê nada dentro dele, talvez seja pelo nevoeiro, talvez pela profundidade dele ou talvez seja apenas por não conter nada lá dentro, preto é a ausência de cor, e é bem provável que o abismo sem fundo seja a ausência de tudo.
Dentro de mim está um abismo, como o do desenho, não tem cor, não tem fundo,não tem nada. Dentro de mim apenas corre sangue pelos vasos sanguíneos, sangue quente, correm fluídos corporais essenciais para a vida humana.
Mas dentro de mim, aquele dentro, que é o fundo, onde não há nada, a não ser pensamentos, sentimentos, e o nosso EU mais genuíno, acaba por não ter nada, acaba por ter tudo e esse tudo ser tanto que se junta tudo e forma o nada, o nada que ocupado todo esse meu interior, esse meu dentro opaco e vazio.
Um dia hei-de fazer uma expedição a essa minha parte misteriosa e oculta, mas por enquanto ainda tenho de preparar tudo,principalmente preparar-me a mim.

Mas até lá, vou-me refugiando dentro do meu quarto, e o que o lápis e a caneta escrevem é o meu sangue, desenhando belas e elegantes formas que acaba por ser sempre o meu interior a viver no exterior.