11.01.2010

Where the streets have no name / Please, don't stop the rain


E vagueando pelas ruas, despovoadas de multidão, encontro-me, olho em redor e percebo que foi aqui que tudo começou.
Um flashback de atordoadoras memórias passa-me à frente dos olhos, desprovendo-me de visão realista e concisa em que me possa fiar sem me deixar levar pelo passado que decorreu nestas ruas isoladas do mundo exterior.
O céu, cinzento, torna tudo pálido, cheio de sombras escuridão, os candeeiros da rua estão acesos, mas nenhum ilumina o caminho pelo qual eu quero seguir ; nenhum aponta para a decisão acertada entre dois caminhos que foram bifurcados pela estrada principal ; nenhum me guia e liberta a minha visão das memórias assombrosas de que eu me recordo sem me conseguir livrar de nenhuma .
A chuva cai, e molha o piso tornando-o escorregadio e perigoso de andar por cima dele . As gotas de água escorrem-me pela cara abaixo, misturando-se com as lágrimas que havia derramado ali, desde há muito tempo, cada vez que passava nesse sítio .
Dizem que "o futuro é a prova de que o passado valeu a pena" . E eu pergunto-me o que é que será de mim e do meu futuro tendo um passado deturpado pela mágoa de um amor falso e ingrato, onde eu dei o meu coração e mo retribuíram amachucado e intragável .
O que o fiz ? Enterrei-o, para que alguém decente, com coragem, disposta a dar-me também o seu coração, o desenterre e o volte a pôr nos eixos, para que mo possa devolver ainda mais bem tratado .
Onde o enterrei ? Aqui, neste preciso lugar, onde prometi deixar para trás o passado, e começar do zero .
Porque o fiz ? Fi-lo por não aguentar mais ter os olhos secos, já sem brilho, por tu mo teres roubado .


Where the streets have no name - U2


Please don't stop the rain - James Morrison

1 comment:

Bicho do Mato said...

Gosto muito dos teus textos. *